SÍNDROME DE SJOGREN*


 

Definição

A Síndrome de Sjogren é uma doença reumática e autoimune, que causa principalmente nas glândulas lacrimais e salivares um processo inflamatório crônico. A doença é multissistêmica, isto é pode acometer vários órgãos ao mesmo tempo. A doença também pode causar problemas no pâncreas, nas glândulas sudoríparas, glândulas da mucosa dos tratos respiratórios, gastrointestinal e uro-genital.

É uma doença de progressão lenta e contínua que se caracteriza pela infiltração de linfócitos nas glândulas exócrinas do corpo. Os portadores da doença têm um maior risco de desenvolver linfomas de células B tipo não-Hodgkin. A Síndrome de Sjogren causa uma série de problemas na vida do portador que podem interferir consideravelmente na sua qualidade de vida.

 

Sinonímia

A Síndrome de Sjogren também é conhecida pelos seguintes nomes

·         Exocrinopatia autoimune.

·         Síndrome seca.

·         Sicca.

 

Histórico

 A doença foi descrita pela primeira vez através do médico oftalmologista sueco Henrik Sjogren, em 1930.

 

 

Incidência

·         Estudos estatísticos sinalizam que a doença afeta aproximadamente 2% da população mundial.

·         A idade média do início da doença é após os 40 anos de idade.

·         Portadores de outras doenças autoimunes podem desenvolver a Síndrome de Sjogren, principalmente portadores de Artrite Reumatóide.

·         Maio incidência em indivíduos do sexo feminino (80 a 90% dos casos).

·         Maior ocorrência em adultos  (4ª e 5ª décadas).

·         Mulheres jovens com a Síndrome de Sjogren podem apresentar complicações durante a gravidez.

 

Classificação

Primária: ocorre de forma isolada, isto é não tem relação nenhuma com outras enfermidades do tecido conjuntivo.

Secundária: ocorre de forma simultânea ou associada com outras doenças reumatológicas autoimunes.

 

 

Causas

As causas da doença ainda não são conhecidas. Mas existem hipóteses em que a síndrome de Sjogren pode envolver fatores genéticos, hereditários, viróticos e hormonais.  Estudos indicam que a etiologia seja autoimune. O sistema imunológico do portador age contra as glândulas exócrinas, o que resulta na incapacidade secretora dessas glândulas.

 

 

Sinais e sintomas

 

Os sinais e sintomas principais da doença envolvem as manifestações oculares e orais:

 

Manifestação oculares:

·         baixa ou falta produção de lágrimas (Xeroftalmia);

·         secura ou ressecamento dos olhos;

·         hiperemia (vermelhidão);

·         coceira;

·         ardência;

·         sensibilidade à luz;

·         visão embaçada.

 

Obs: Alguns portadores da doença relatam que têm a impressão de que os olhos estão cheios de areia ou queimação ocular. A falta de lágrimas pode resultar no desenvolvimento de infecções e úlceras na córnea.

 

Manifestações orais:

·         Baixa ou falta de produção de saliva (Xerostomia);

·         Problemas na fala;

·         Ressecamento da boca;

·         Inchaço das glândulas parótidas;

·         Risco maior de infecções na boca;

·         Aparecimento de aftas e úlceras na mucosa labial;

·         Risco maior de desenvolver cáries com frequência;

·         Risco maior de alterações no paladar e no olfato;

·         Dificuldades para o processo da mastigação e deglutição;

·         Dor na deglutição de alimentos sólidos.

 

Outros sintomas:

Fadiga que pode evoluir em alguns casos para uma fadiga incapacitante (casos raros);

Dor nas articulações (artralgias);

Deformidades articulares;

Pele seca;

Desenvolvimento de alergias;

Alterações gastrintestinais;

Alterações renais;

Alterações respiratórias (infecções frequentes do trato respiratório, bronquite, tosse seca, falta de ar, rouquidão, secura da mucosa nasal);

Neuropatias: dormência, formigamento nas mãos e pés, perda da memória);

Manifestações vasculares: trombose venosa profunda, Fenômeno de Raynauld, vasculites (pele, fígado rins).

 

Diagnóstico

·         Anamnese.

·         Exame clínico.

·         Exame físico.

·         Exame laboratorial.

·         Exame oftalmológico.

·         Avaliação dentária.

·         Teste de Schimer (avaliação para medir a produção de lágrimas). 

·         Rosa Bengala (teste para avaliar os danos na córnea devido ao ressecamento dos olhos).

·         Teste do “clearence” do filme lacrimal.

·         Sialograma (teste para avaliar a produção de saliva).

·         Biópsia de glândula salivar menor.

·         Testes sorológicos (pesquisa da dosagem de anticorpos –anti-SSA-RO e anti-SSB-LA.

·         Ultrassonografia das glândulas salivares.

·         Cintilografia da glândula salivar.

·         Sialografia das glândulas parótidas.

·         Presença de doença auto-imune sistêmica.

 

Obs: Dependendo dos sintomas apresentados pelo paciente em outros órgãos ou estruturas, outros exames específicos podem ser necessários para o diagnóstico da doença.

 

Diagnóstico diferencial

O diagnóstico diferencial deve ser feito para que a Síndrome de Sjogren não seja confundida com outras patologias com outras patologias com quadro clínico semelhante. Através dos exames clínico, físico, laboratoriais e de imagem, o médico pode excluir essas doenças, até chegar ao diagnóstico correto. As doenças  que podem ser confundidas com a Síndrome de Sjogren são as seguintes: 

 

·         AIDS.

·         Artrite Reumatóide.

·         Esclerose Múltipla.

·         Lúpus.

·         Síndrome da fadiga crônica.

·         Sialodenite crônica esclerosante.

 

 

Tratamento

Médicos especialistas: Reumatologista. Dependendo dos órgãos afetados, outros especialistas podem ser necessários: Oftalmologista, Gastroenterologista, Odontologista (Cirurgião-dentista).

 

Objetivo: Aliviar os sinais e sintomas e reduzir o risco de complicações graves e sequelas. Melhorar a qualidade de vida do portador da doença.

 

Não existe tratamento específico para a Síndrome de Sjogren. O tratamento é sintomático e de suporte conforme os sintomas apresentados e as suas intercorrências.

 

Tratamento medicamentoso:

·         Analgésicos;

·         Anti-inflamatórios não esteroides;

·         Colírios lubrificantes (sem preservantes), anti-inflamatórios ou imunomoduladores (ciclosporina);

·         Pomadas e géis oculares;

·         Oclusão dos pontos lacrimais e tarsorrafia;

·         Corticoterapia;

·         Pilocarpina (fármaco para aumentar a secreção de saliva).

 

Casos graves: medicamentos imunossupressores e antimaláricos (hidroxicloroquina) para controlar o processo inflamatório e a intensidade da resposta imune.

 

 

Cuidados

Alguns cuidados podem ajudar o portador da Síndrome de Sjogren a controlar os sintomas da doença e melhorar a sua qualidade de vida.

 

·         Uso de óculos para a proteção dos olhos.

·         Uso de hidratante labial para evitar rachaduras e assaduras nos lábios, que são causadas pelo ressecamento da boca.

·         Uso de cremes hidratantes na pele.

·         Usar filtro solar.

·         Usar umidificadores de ar dentro de casa.

·         Evitar tomar banho muito quente.

·         Evitar ambientes com ar-condicionado durante longos períodos.

·         Evitar refrigerantes e bebidas com cafeína.

·         Evitar bebidas alcoólicas.

·         Evitar o tabagismo.

·         Evitar lentes de contato.

·         Evitar ou reduzir o consumo de alimentos condimentados, salgados e secos.

·         Evitar ou reduzir o consumo de açúcar. Trocar por outros tipos de adoçantes.

·         Aumentar a ingestão de água.

·         Higiene oral rigorosa para prevenir as infecções bucais.

·         Fazer exercícios com fisioterapeuta para manter a mobilidade, principalmente se tiver sintomas nas articulações.

 

 


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